Duna 2: a ascenção de um herdeiro e fanatismo

O segundo filme de Duna foi lançado recentemente, sendo considerado um dos melhores filmes de 2024, trazendo vários debates e interessados à história original, além de uma mensagem interessante a quem entende o que toda a narrativa quer passar.

Vamos conversar um pouco sobre o filme? Seguem considerações! Cuidado, pois contarei spoilers.

Para quem não sabe, Duna 2 conta a segunda metade do livro de Duna, que inclusive já teve sua resenha postada aqui, além do primeiro filme que também foi comentado, ou seja, o terceiro filme explorará a história contada no livro Messias de Duna.

Em Duna 2, vemos os acontecimentos logo após o final do primeiro filme, em que Paul mata Jamis em combate e ele e sua mãe, Jessica, se unem aos fremen, apesar da desconfiança do povo em abrigar estrangeiros.

A única forma de Jessica se manter viva e útil aos fremen é sendo sua nova Reverenda Madre, e quando ela bebe a água da vida (um líquido de dentro dos vermes) a personagem assume um ar misterioso e poderoso, o que a torna muito marcante nessa trama.

A irmandade Bene Gesserit era um poderosa e antiga ordem formada apenas por mulheres cujas ações e objetivos foram essenciais na evolução da humanidade ao longo dos milênios. Seu objetivo principal era gerar um Kwisatz Haderach, este que é como uma versão masculina delas, pois os homens não costumavam sobreviver ao seu treinamento, além das mulheres não conseguirem acessar as memórias de conhecimento presciente masculinas, ou seja, elas queriam acessar todo o conhecimento possível, e o Kwisatz Haderach era a única forma de tornar isso realidade. Outro ponto importante é que somente um filho homem de uma Bene Gesserit seria alguém apto para ser esta pessoa, fato que influenciou Jessica a escolher ter um filho ao invés de uma filha (sim, elas conseguem escolher o gênero dos filhos). E o último ponto sobre o Kwisatz Haderach é que as Bene Gesserit sempre creram que quem quer que fosse, ele seria controlado por elas também.

Ao mesmo tempo que Lisan al-Gaib é considerado um messias muito aguardado pelos fremen, a pessoa que levaria o povo ao paraíso, além de libertá-los de seus inimigos e trazer a paz. Uma das partes do treinamento Bene Gesserit era entender sobre crenças e religiões, o que as fez reforçar a ideia de um messias ao fremen, para que fosse mais fácil instituir alguém controlado por elas para ter o poder sobre Arrakis, uma vez que o planeta é o único que contém a mélange, especiaria que torna possível as viagens espaciais e é o recurso mais importante do império.

Quando Paul chegou em Arrakis, começaram a surgir rumores que ele pudesse ser o messias que tanto aguardavam, e Jessica tenta neste filme fazer com que Paul abrace a professia e se torne o cara que esperam que ele seja. E essa imagem é reforçada diversas vezes em diversos acontecimentos, como Jessica sobrevivendo a agua da vida, Paul voltando à vida depois de receber as lágrimas da Primavera do Deserto, a humildade do mesmo ao negar ser Lisan al-Gaib, conseguindo montar no verme e também os caminhos dos fremen, conhecendo e se adaptando à sua cultura como se sempre tivesse sido um deles.

Vemos Chani como a voz da razão no filme, que vai contra ao fanatismo que começa a crescer entre seu povo, fazendo com que lutem por Paul ao invés de lutarem por eles mesmos. E esse é o ponto da história, se Paul é ou não o Lisan al-Gaib não importa, a mensagem do filme é em relação a como as crenças acabam deixando muitas pessoas cegas, e particularmente eu acho muito interessantes histórias que toquem nestes tópicos, como Duna e Mistborn de Brandon Sanderson.

Feyd-Rautha é o sobrinho do barão Harkonnen (lembram daquele cara nojento que mata o pai de Paul?) e também é filho de uma Bene Gesserit, ou seja, é outro pretendente a Kwisatz Haderach além de Paul. Vemos que ele é mais fácil de ser manipulado, sendo uma opção mais viável para a organização feminina.

As cenas mostrando os Harkonnen são bem interessantes, principalmente o momento de luta no planeta Giedi Prime, o lar desta casa que é apresentado todo em preto e branco, justificado pela baixa luminosidade e seu sol ser negro. Só achei meio exagerado os Harkonnen matando seus servos principais a cada pequeno erro que cometiam, pessoas assim não são tão fáceis de serem substituídas!

E terminando a parte sobre a família Harkonnen, achei interessante a luta final entre Gurney e Rabban, os atores que fizeram Thanos e Drax respectivamente, outra vingança entre esses atores sendo realizada!

Em certo momento, Paul percebe que não consegue mais fugir da profecia e do que esperam que ele seja, fazendo com que ele se torne o líder dos fremen e destitua o imperador Padixá, calando inclusive a líder das Bene Gesserit, mostrando a elas que, ao contrário de suas expectativas, o Kwisatz Haderach não será controlado por elas.

O final agridoce deixa com que as ansiedade sobre o terceiro filme de Duna seja alta, com novas intrigas políticas entre o novo império dos Atreides interessantes, apesar da demora para essa produção sair, estou animada para vê-la. De qualquer forma, não teremos dúvida que esse filme irá sair e será um sucesso novamente, assim como esse que está gerando vários memes sobre Stilgar achar que tudo é um sinal para o Lisan al-Gaib e a montagem nos vermes, estou me divertindo demais!

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